As táticas de manipulação de dados e gráficos vêm sendo usadas pelos órgãos de imprensa para direcionar a opinião pública aqui e ali. Aprend...
As táticas de manipulação de dados e gráficos vêm sendo usadas pelos órgãos de imprensa para direcionar a opinião pública aqui e ali. Aprenda como funciona e não seja mais enganado.
Detestamos ser enganados. Mas a toda hora nos deparamos com tentativas sutis (ou nem tão sutis assim) de nos venderem gatos por lebres gráficas. Antigamente, quando não havia internet, éramos obrigados a nos contentar comentando com o nosso vizinho que muitas vezes não acreditava que a TV, coitadinha, fizesse esse tipo de maldade com a população. Afnal todo mundo lá usa terno e tem um sorriso branquinho.
Certamente as informações seriam checadas e comentadas de modo imparcial. Felizmente, a web chegou e uma geração inteira está desligando a TV e preferindo ver as informações de várias fontes diferentes daqui e do exterior. Ou seja, a opinião pública parece estar escapando ao controle da mídia tradicional. Então, resolvemos dar nossa cota de contribuição adaptando e disseminando o post "Como são feitos os gráficos enganosos – e como não ser enganado por eles" publicado pelo Gizmodo Brasil. Vamos ver as formas mais comuns de deturpação de gráficos e alguns exemplos reais:
Truncando o Eixo Y
Mexer com o eixo y (vertical) de um gráfico de barras, gráfico de linha ou de dispersão é uma maneira certeira de levar a cabo a distorção no entendimento. Quando aprendemos a fazer um gráfico, e na parte das vezes, o eixo y varia de 0 a um valor máximo, que contemple o intervalo de dados. Todavia, podemos alterar o eixo evidenciando melhor as diferenças. O problema é que essa mesma técnica, se levada ao extremo, pode nos levar a perceber fazer diferenças em dados parecerem bem maiores do que são na verdade.
Exemplificando: Os gráficos abaixo mostram os mesmos dados, mas usam diferentes escalas no eixo y:
Na figura à esquerda, o eixo y está graduado na faixa de 3,140% a 3,154%. Assim, parece haver uma subida exponencial nas taxas de juros. Ao adotarmos a forma mais comum de graduação, exibindo os dados com o eixo vertical iniciando em 0,00%, as taxas de juros aparentam estar bem mais comportadas, poderíamos até dizer que as diferenças são desprezíveis.
Veja mais alguns exemplos:
Aqui o que parece ser a expectativa de aumento se o corte das taxas de Bush expirarem:
Este gráfico do canal fechado Globo News no programa Conta Corrente foi bem além: Mostrou um eixo y começando em 4% sem deixar isso claro, e ainda errou a última barra, fazendo 5,91% parecer maior que 6,50%.
Eles retificaram o gráfico dias depois (ambos os, digamos, erros):
Gráficos acumulativos
Gráfico acumulativo então, é uma festa (ou uma farsa)! Geralmente ele tenderá a ser sempre crescente. Como esse gráfico acumulativo de receita anual no exemplo abaixo.
Isso pouco ajuda na hora de fazermos uma análise do que ocorreu com a receita no período em questão. Quando vemos os mesmos dados em um gráfico não-cumulativo temos uma ideia mais clara das variações históricas.
Outro exemplo, Tim Cook mostrou com um gráfico acumulativo as vendas de iPhone em 2013.
Porém, o site Quartz montou um gráfico um pouco mais informativo. Indicando queda nas vendas nos trimestres após o lançamento do smartphone da Apple.
Ignorando convenções
Você provavelmente já está acostumado com padrões bem intencionado na hora de montar gráficos, como gráficos de pizza representando partes de um todo. Então, nada melhor que ignorar esses padrões para levar você a uma leitura equivocada.
Nesse exemplo temos um gráfico de pizza cuja soma não dá 100%. Certamente porque a pesquisa permitia múltiplas respostas. Nesse gráfico temos a impressão que cada candidato possui um terço de apoio, o que pode não corresponder à realidade.
Já nesse outro gráfico apresentado pela Reuters, o eixo Y está invertido.
O gráfico parece mostrar uma tendência de queda no número de assassinatos por armas de fogo, quando é justamente o contrário.
Existem inúmeras outras formas de tentar ludibriar a audiência. Veja outros exemplos:
O site palpitando apresentou um gráfico aribuído ao jornal Metro que mostrava as multas aplicadas aos candidatos.
No gráfico, Lula está com o mesmo número de multas que Índio da Costa, mas sua barra parece ser muito maior. Então talvez o critério adotado seria o valor pago? Se fosse, Lula deveria estar em primeiro e Dilma figuraria em segundo, não? E aí ela estaria mais próxima do candidato do PSDB, que foi quem realmente competiu na eleição. Além disso, a foto de Marina está no mesmo nível dos demais candidatos do PSDB, embora não tivesse nenhuma multa, um samba.
O site Discoberta "descobriu" que a Folha não parece saber que o menor caminho entre dois pontos é uma reta (Por que no gráfico da Folha de São Paulo não é uma reta que une dois pontos ?). Para mim, o zigue-zague pode dar a ideia de que a avaliação positiva de Lula (no caso analisado) tem variado, e seu bom momento é apenas um instante de aferição em um mar de incertezas, e não uma consistente tendência de subida.
Já o Viomundo se indignou com um gráfico do Financial Times que quis mostrar que o Brasil está tão vulnerável quanto os demais emergentes mostrando a relação entre as reservas internacionais e a necessidade de financiamento. A bronca é principalmente pelo tamanho das barras, que tentam passar a ideia que ter US$ 369 bi de reservas no caso do Brasil (o valor correto seria US$ 376 bi), é semelhante a ter US$ 41 bi, como é o caso do Chile.
Mas como podemos ver no gráfico com uma proporção menos "maquiada" podemos perceber que há diferenças enormes entre eles (Viomundo se desculpa dizendo não conseguir fazer gráficos tão "fofinhos" quanto ao da publicação britânica).
Aqui Steve Jobs, conforme salienta o site El Arte de Presentar, usa um gráfico de pizza em 3D onde a fatia da Apple está voltada para o público (o que faz com que ela parece maior) e a fatia outros está do lado oposto. Assim pode parecer que a Apple estaria em segundo (em relação à categoria outros). O gráfico de barra 2D desaparece com a ilusão de ótica.
[Via BBA]
Quanta diferença! Gráfico mostra uma diferença de 0,3% entre as audiências das TVs espanholas Telecinco e Antena 3 (SoloTele). |
Dois pesos, duas medidas: Quase 13 pontos a favor do Jornal Nacional parece irrisório, ao passo que 0,8 ponto em favor do Câmera Record parece um grande degrau. (Ooops) |
Truncando o Eixo Y
Mexer com o eixo y (vertical) de um gráfico de barras, gráfico de linha ou de dispersão é uma maneira certeira de levar a cabo a distorção no entendimento. Quando aprendemos a fazer um gráfico, e na parte das vezes, o eixo y varia de 0 a um valor máximo, que contemple o intervalo de dados. Todavia, podemos alterar o eixo evidenciando melhor as diferenças. O problema é que essa mesma técnica, se levada ao extremo, pode nos levar a perceber fazer diferenças em dados parecerem bem maiores do que são na verdade.
Exemplificando: Os gráficos abaixo mostram os mesmos dados, mas usam diferentes escalas no eixo y:
Na figura à esquerda, o eixo y está graduado na faixa de 3,140% a 3,154%. Assim, parece haver uma subida exponencial nas taxas de juros. Ao adotarmos a forma mais comum de graduação, exibindo os dados com o eixo vertical iniciando em 0,00%, as taxas de juros aparentam estar bem mais comportadas, poderíamos até dizer que as diferenças são desprezíveis.
Veja mais alguns exemplos:
Aqui o que parece ser a expectativa de aumento se o corte das taxas de Bush expirarem:
Este gráfico do canal fechado Globo News no programa Conta Corrente foi bem além: Mostrou um eixo y começando em 4% sem deixar isso claro, e ainda errou a última barra, fazendo 5,91% parecer maior que 6,50%.
Eles retificaram o gráfico dias depois (ambos os, digamos, erros):
Agora já não parece tããão acima do centro da meta, não é? ;D |
Gráficos acumulativos
Gráfico acumulativo então, é uma festa (ou uma farsa)! Geralmente ele tenderá a ser sempre crescente. Como esse gráfico acumulativo de receita anual no exemplo abaixo.
Isso pouco ajuda na hora de fazermos uma análise do que ocorreu com a receita no período em questão. Quando vemos os mesmos dados em um gráfico não-cumulativo temos uma ideia mais clara das variações históricas.
Outro exemplo, Tim Cook mostrou com um gráfico acumulativo as vendas de iPhone em 2013.
É barra! Antídoto contra gráfico acumulativo. |
Você provavelmente já está acostumado com padrões bem intencionado na hora de montar gráficos, como gráficos de pizza representando partes de um todo. Então, nada melhor que ignorar esses padrões para levar você a uma leitura equivocada.
Nesse exemplo temos um gráfico de pizza cuja soma não dá 100%. Certamente porque a pesquisa permitia múltiplas respostas. Nesse gráfico temos a impressão que cada candidato possui um terço de apoio, o que pode não corresponder à realidade.
Já nesse outro gráfico apresentado pela Reuters, o eixo Y está invertido.
O gráfico parece mostrar uma tendência de queda no número de assassinatos por armas de fogo, quando é justamente o contrário.
Existem inúmeras outras formas de tentar ludibriar a audiência. Veja outros exemplos:
O site palpitando apresentou um gráfico aribuído ao jornal Metro que mostrava as multas aplicadas aos candidatos.
No gráfico, Lula está com o mesmo número de multas que Índio da Costa, mas sua barra parece ser muito maior. Então talvez o critério adotado seria o valor pago? Se fosse, Lula deveria estar em primeiro e Dilma figuraria em segundo, não? E aí ela estaria mais próxima do candidato do PSDB, que foi quem realmente competiu na eleição. Além disso, a foto de Marina está no mesmo nível dos demais candidatos do PSDB, embora não tivesse nenhuma multa, um samba.
O site Discoberta "descobriu" que a Folha não parece saber que o menor caminho entre dois pontos é uma reta (Por que no gráfico da Folha de São Paulo não é uma reta que une dois pontos ?). Para mim, o zigue-zague pode dar a ideia de que a avaliação positiva de Lula (no caso analisado) tem variado, e seu bom momento é apenas um instante de aferição em um mar de incertezas, e não uma consistente tendência de subida.
Ligue os pontos! O mesmo gráfico indo direto ao ponto. |
Mas como podemos ver no gráfico com uma proporção menos "maquiada" podemos perceber que há diferenças enormes entre eles (Viomundo se desculpa dizendo não conseguir fazer gráficos tão "fofinhos" quanto ao da publicação britânica).
Aqui Steve Jobs, conforme salienta o site El Arte de Presentar, usa um gráfico de pizza em 3D onde a fatia da Apple está voltada para o público (o que faz com que ela parece maior) e a fatia outros está do lado oposto. Assim pode parecer que a Apple estaria em segundo (em relação à categoria outros). O gráfico de barra 2D desaparece com a ilusão de ótica.
Segunda até na legenda. É como dizia o grupo Kid Abelha: "Depois de você, os outros são os outros, e só..." |
COMMENTS