Para ser mais preciso, o badalado neurocientista brasileiro critica a singularidade. VocĂȘ acredita que podemos nos tornar imortais ? E que e...
Para ser mais preciso, o badalado neurocientista brasileiro critica a singularidade.
VocĂȘ acredita que podemos nos tornar imortais? E que essa imortalidade seria atingida em 2045? NĂŁo? EntĂŁo saiba que vocĂȘ tem um neurocientista de peso que concorda com vocĂȘ. NĂŁo. NĂŁo estou falando de sua massa corpĂłreo ou de seu IMC. Me refiro Ă s inĂșmeras e recentes contribuiçÔes que Miguel Nicolelis, cientista da Duke University e do Instituto Internacional de NeurociĂȘncias de Natal, estĂĄ legando para a ciĂȘncia moderna.
Mas defendendo a tese da singularidade tecnolĂłgica, hipĂłtese que permitiria a tal imortalidade, estĂĄ outro nome de peso: Ray Kurzweil. Um daqueles pesquisadores que poderĂamos chamar de gĂȘnio sem sermos considerados exagerados ou levianos. Um visionĂĄrio certamente Ă frente de seu tempo. Do tipo que enxerga o caminho entre A e C sem passar pelo ponto B. Pois bem, Ă© justamente por essa razĂŁo que sua predição da imortalidade (entenda isso como a possĂvel cura de todas as doenças e do envelhecimento, ainda poderĂamos morrer acidentalmente) nĂŁo deve ser tratada como ridĂcula ou uma simples peça de ficção cientĂfica.
Kurzweil goza de tanto prestĂgio entre seu pares nĂ©rdicos do Vale do SilĂcio que foi convidado para comandar uma divisĂŁo de InteligĂȘncia Artificial da Google cuja missĂŁo serĂĄ produzir o melhor assistente capaz de tornar a todas mais espertos (algo que faria o Siri parecer um Tomagoshi, mas ainda estaria longe da mĂĄquina que deveria superar o cĂ©rebro humano em 2029).
Ele acredita que a årea do cérebro onde se formam os pensamentos teria uma hierarquia de interpretadores, cerca de 300 milhÔes, uma ninharia que os supercomputadores em breve terão capacidade de emular e superar.
Mas Ă© justamente na questĂŁo neurolĂłgica que Nicolelis Ă© mais refratĂĄrio. Ele nĂŁo crĂȘ que o cĂ©rebro possa ser simulado por um computador.
O Deep Blue jĂĄ Ă© passado, o Watson (da mesma fabricante, IBM) derrotou campeĂ”es do Jeopardy (um programa de perguntas no estilo show do milhĂŁo, sĂł que invertido: Dado uma resposta vocĂȘ deve escolher a melhor pergunta) alimentado pelas informaçÔes da internet. Agora ele estĂĄ sendo usado para fazer diagnĂłsticos mĂ©dicos e teve que ser reconfigurado para ser menos boca suja (uma vez que alimentaram sua memĂłria com dados advindo de um dicionĂĄrio de gĂrias).
Penso que os mesmos que nĂŁo crĂȘem que o cĂ©rebro humano possa ser simulado estĂŁo mais torcendo por isso do que se atendo Ă s evidĂȘncias. PorĂ©m, a opiniĂŁo de Nicolelis com certeza deve ser considerada a ponto de obrigar os desenvolvedores de cĂ©rebros eletrĂŽnicos a atentarem para algum aspecto negligenciado. Afinal Nicolelis foi categĂłrico quando afirmou que a singularidade nĂŁo passava de "uma porção de ar quente".
Pessoalmente acredito que Ray esteja certo, talvez ele erre sobre o ano que atingiremos essa singularidade pois mesmo interesses polĂticos poderiam atrasar os avanços na ĂĄrea. Imagine de repente todos deixarem de morrer e continuassem a ter bebĂȘs. AlĂ©m disso, certamente ele rebaterĂĄ mais essa crĂtica Ă sua tese, o que esperar de um cara que escreveu um livro chamado "Como criar uma mente"? O que pode ser uma atitude necessĂĄrio para que a verba para financiar suas pesquisas sobre IA continuem fluindo. Vamos aguardar os prĂłximos capĂtulos.
Fonte: Technology Review, Singularity Hub, BBA
[Via BBA]
VocĂȘ acredita que podemos nos tornar imortais? E que essa imortalidade seria atingida em 2045? NĂŁo? EntĂŁo saiba que vocĂȘ tem um neurocientista de peso que concorda com vocĂȘ. NĂŁo. NĂŁo estou falando de sua massa corpĂłreo ou de seu IMC. Me refiro Ă s inĂșmeras e recentes contribuiçÔes que Miguel Nicolelis, cientista da Duke University e do Instituto Internacional de NeurociĂȘncias de Natal, estĂĄ legando para a ciĂȘncia moderna.
Mas defendendo a tese da singularidade tecnolĂłgica, hipĂłtese que permitiria a tal imortalidade, estĂĄ outro nome de peso: Ray Kurzweil. Um daqueles pesquisadores que poderĂamos chamar de gĂȘnio sem sermos considerados exagerados ou levianos. Um visionĂĄrio certamente Ă frente de seu tempo. Do tipo que enxerga o caminho entre A e C sem passar pelo ponto B. Pois bem, Ă© justamente por essa razĂŁo que sua predição da imortalidade (entenda isso como a possĂvel cura de todas as doenças e do envelhecimento, ainda poderĂamos morrer acidentalmente) nĂŁo deve ser tratada como ridĂcula ou uma simples peça de ficção cientĂfica.
Kurzweil goza de tanto prestĂgio entre seu pares nĂ©rdicos do Vale do SilĂcio que foi convidado para comandar uma divisĂŁo de InteligĂȘncia Artificial da Google cuja missĂŁo serĂĄ produzir o melhor assistente capaz de tornar a todas mais espertos (algo que faria o Siri parecer um Tomagoshi, mas ainda estaria longe da mĂĄquina que deveria superar o cĂ©rebro humano em 2029).
NĂŁo hĂĄ nenhum projeto mais importante que entender a InteligĂȘncia e recriĂĄ-la. Eu imagino uma abordagem fundamental com base em tudo o que entendemos sobre como o cĂ©rebro humano funciona. E hĂĄ algumas coisas que nĂłs ainda nĂŁo entendemos assim eu pretendo sair e explorar algumas de minhas prĂłprias ideias sobre como certas coisas funcionam.
Ray Kurzeil
Ele acredita que a årea do cérebro onde se formam os pensamentos teria uma hierarquia de interpretadores, cerca de 300 milhÔes, uma ninharia que os supercomputadores em breve terão capacidade de emular e superar.
Mas Ă© justamente na questĂŁo neurolĂłgica que Nicolelis Ă© mais refratĂĄrio. Ele nĂŁo crĂȘ que o cĂ©rebro possa ser simulado por um computador.
VocĂȘ nĂŁo pode prever se o mercado de açÔes vai para cima ou para baixo, porque vocĂȘ nĂŁo pode calcular isso.Para ele a complexidade cerebral Ă© menosprezada pelos futurĂłlogos da singularidade.
Miguel Nicolelis na conferĂȘncia da American Association for the Advancement of Science
VocĂȘ pode ter todos os computadores do mundo e nĂŁo criarĂĄ uma consciĂȘncia.Eu sempre achei que o cĂ©rebro Ă© um hardware complexo com alguma BIOS que evolui muito pouco quando comparado com a tecnologia digital e a biotecnologia. Da mesma forma que os que acusam Kurzweil e seus seguidores de "religiosos" eu penso que eles agem como Kasparov quando enfrentou o Deep Blue, nĂŁo acreditavam no estĂĄgio tecnolĂłgico que jĂĄ havĂamos atingido e tomaram um susto quando a mĂĄquina derrotou o ser humano no xadrez. Essa crença de que o ser humano Ă© uma criatura perfeita, no topo da pirĂąmide evolucionĂĄria e insuperĂĄvel Ă© de um antropocentrismo datado e muito mais confundĂvel com "religiĂŁo" e "ideologia". Com pouca ciĂȘncia que lhe dĂȘ suporte.
O Deep Blue jĂĄ Ă© passado, o Watson (da mesma fabricante, IBM) derrotou campeĂ”es do Jeopardy (um programa de perguntas no estilo show do milhĂŁo, sĂł que invertido: Dado uma resposta vocĂȘ deve escolher a melhor pergunta) alimentado pelas informaçÔes da internet. Agora ele estĂĄ sendo usado para fazer diagnĂłsticos mĂ©dicos e teve que ser reconfigurado para ser menos boca suja (uma vez que alimentaram sua memĂłria com dados advindo de um dicionĂĄrio de gĂrias).
Penso que os mesmos que nĂŁo crĂȘem que o cĂ©rebro humano possa ser simulado estĂŁo mais torcendo por isso do que se atendo Ă s evidĂȘncias. PorĂ©m, a opiniĂŁo de Nicolelis com certeza deve ser considerada a ponto de obrigar os desenvolvedores de cĂ©rebros eletrĂŽnicos a atentarem para algum aspecto negligenciado. Afinal Nicolelis foi categĂłrico quando afirmou que a singularidade nĂŁo passava de "uma porção de ar quente".
Pessoalmente acredito que Ray esteja certo, talvez ele erre sobre o ano que atingiremos essa singularidade pois mesmo interesses polĂticos poderiam atrasar os avanços na ĂĄrea. Imagine de repente todos deixarem de morrer e continuassem a ter bebĂȘs. AlĂ©m disso, certamente ele rebaterĂĄ mais essa crĂtica Ă sua tese, o que esperar de um cara que escreveu um livro chamado "Como criar uma mente"? O que pode ser uma atitude necessĂĄrio para que a verba para financiar suas pesquisas sobre IA continuem fluindo. Vamos aguardar os prĂłximos capĂtulos.
Fonte: Technology Review, Singularity Hub, BBA
[Via BBA]
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